Invejo quem tem muito amor e não sabe, como verdadeiramente sou, por isso tenho raiva das coisas boas e da luz do dia que brilha todas as horas desde o amanhecer...
Ninguém sabe como a dor entrou na minha vida, arrombando a porta fechada do meu coração...
Minha mocidade foi uma coisa vã, sem graça perdida nos caminhos da desgraça...
Sinto, desde a infância, o frio me cortando a alma nas tardes quentes de verão e garanto, que nada disso é ilusão...
Sinto falta dos beijos que nunca me ofertastes, e meus lábios estão roxos da sofreguidão do seu amor e do seu carinho...
Sinto a dor se avizinhando de meu coração, de minha alma, e a tortura é tanta, que parece que estou demente, que perdi a razão e vem, então, uma vontade louca de gritar, espernear e chorar...
Que digam de mim o que quiserem, essas pessoas que não sabem o que é uma paixão, mas, pouco me importa se sabem ou não...
Os meus dias e horas são todos iguais, a tristeza é que me acompanha como uma sombra, e bem profundo é o tédio do meu viver...
A dor e a melancolia não me deixam em paz e se corro, apressado, elas apressam o passo e vem atras, coladas em mim como se fossem carrapatos...
Minha vida é um moto contínuo, que parece que vai durar eternamente, brincando com minhas dores como se fossem flores de um jardim despedaçado pelo vendaval...
Estou cansado de voar no arrebol dos meus pensamentos, esperando a noite negra, que não chega nunca, para me envolver no seu manto sombrio...
O que esperar da vida senão o niilismo fatal da morte?...
O meu sonho se fundiu na dor da amargura da noite escura. Tudo que, realmente sinto, não posso te dizer, pois, só me fará sofrer cada vez mais...
Tu e a vida pregressa, findaram no meu ser, e já não sou mais eu quem vive...
Foram-se as minhas ambições e meus sonhos, e já não tenho a gula das alegrias passageiras, dos prazeres da carne e dos sonhos acalentados no coração, cheio de esperança, que faz sua morada no passado, mas, vivendo no presente na expectativa de um futuro melhor...
Não vou pedir que me seja dado a extrema-unção na hora da minha morte, pois, mudei de religião, e acho que essa foi a minha sorte...
Quem vive pela matéria, desquitado do amor e do perdão, só conhece a solidão e a desilusão, e isso é um fato, outras assertivas são boatos...
Tudo isso aconteceu no meu pretérito, recente, como sói acontecer com outras pessoas, e sendo essa a minha história, posso lhes dizer que cumpri, rigorosamente, com o meu fadário, pois, fui pelas palavras de Jesus, salvo das mazelas da alma, desde que entendi a razão das Suas dores no caminho do calvário!
Hoje sou um homem novo: Mais calmo, mais tolerante, mais compreensivo...
Houve uma transformação dentro de mim e, hoje, já não sofro tanto, pois, é Ele que habita em meu coração e me dá vida, vida em abundância...
E só o porvir testemunhará as minhas palavras e a minha mudança de hábitos!
E tenho dito!
Itanhaém, 24 de out. de 2016
Jose Aloísio Jardim ( Sêo Jardim )