Existem pessoas que tem um irrefreável desejo de trair quem amamos!
Por essa razão, também, é que nasce, da posse e do ciúme, a dificuldade que temos para admitir nossos desejos e controla-los de maneira eficaz... É uma luta perene, incansável e sem futuro...
A simples vontade de trair, acaba por projetar na pessoa amada, um processo, simplesmente, estranho, pois, transforma em cárcere privado esses sentimentos acalorados que, na verdade, é da gente mesmo, impedindo o "outro" de exercer este desejo, que dormita nos refolhos de nossas almas, mudando, assim, relacionamentos que geram infelicidade, desgosto e, não raro, violências domésticas contumazes...
A maioria e maiores violências, são contra as pessoas que dizemos amar, motivadas pelo implacável ciúme, o que gera, muitas vezes, auto punição em menor grau, até ao abismo insondável do suicídio...
São, via de regra, pessoas que dizem não suportar o ciúme, que nos faz ver ciosas que não existem, que não são reais, insuportáveis, mas, são realidades na cabeça de quem tem esse desvio de procedimento amoroso...
As pessoas que constroem este relacionamento, em forma de prisão, acabam sendo vítimas de seu próprio cárcere... É da Lei de causa e efeito!
Torna-se comum as imposições ao parceiro, sobre o que deve ou não fazer, no quesito comportamental... sob a guarda do desejo humano de controlar, que vive presente em todas as formas de afetividade, principalmente, as amorosas...
Maridos controlam suas mulheres e esposas controlam seus maridos, da mesma forma, que filhos controlam os pais... E por aí vai, os controles sobre os que dizemos amar...
É uma maneira de exercer um domínio sobre o outro, através de sua projeção de controlar a vida, com medo de ser traído ( a ), e controlando a si mesmo, pelas mesmas razões...
É a liberdade que provoca o temor, e em sequencia, leva uma pessoa ao limite e, nesse limite, descuida e comete o que mais se teme dentro de si: A traição latente e iminente, de ambos os lados...
É muito mais fácil, colocar no outro, a culpa que seria só nossa, e tramar sua punição, através do encarceramento psicológico, que mais sufoca do que controla...
E quem aceita, que tem o desejo de trair, passa a ter mais facilidade de entender a si mesmo, e confiar mais no outro, tornando a relação menos sufocante, e dando um pontapé no traseiro do ciúme, para que todo o relacionamento amoroso, possa melhorar e dar bons frutos, no amadurecimento dos sentimentos, possessivos, da alma humana...
Sei que não é fácil aceitar que os desejos de trair é só nosso, mas, isso é de foro íntimo, para que possa ser resolvido num estalar de dedos...
É preciso muito mais: Temos que entender a manifestação dos nossos desejos e do nosso ciúme, nas profundezas do nosso eu, e direcionar "novos" pensamentos e atitudes, remodelando e aparando as arestas de nosso espírito, ainda pouco evoluído nas coisas do amor, ao deixar aflorar, somente, nossas imperfeições sentimentais, nas quais nos comprazemos...
Quem mais nos sufoca, deprime e adormece nossa alegria de viver, que não seja a pessoa, que diz que nos ama?...
O espinho da traição brota no caule da flor dos nossos desejos incontidos, a que damos vazão, como as aguas de uma represa, que leva tudo que encontra, penalizando culpados e inocentes... nas suas aguas correntes!